quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A escola comum inclusiva

Diferentemente do que as escolas normais têm feito, ao criarem espaços educacionais considerando uma identidade única, a partir da qual todos os alunos, para serem considerados em seu interior, devem se moldar; a discussão que tem sido feita em torno da educação inclusiva refuta tal exercício levando em conta não uma identidade única, a partir da qual outras identidades são avaliadas e hierarquizadas, mas sim a criação de um espaço que, para além das identidades ali presentes, as quais são entendidas, sob essa perspectiva, como transitórias, instáveis, inacabadas; também considere as diferenças como resultantes da multiplicidade. Isso pois, ao considerar a diversidade como base de construção de uma educação inclusiva, se estaria ratificando e admitindo a criação de grupos idênticos, formados por alunos que possuem as mesmas características e que só estão reunidos em um mesmo grupo. Por meio disso, se estaria eliminando a possibilidade de considerar os alunos segundo suas características próprias e pessoais.

Assim,

A educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas idéias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desenvolvem como cidadãos nas suas diferenças. (ROPOLI, 2010, p.8).

Para tanto, a escola só se tornará inclusiva quando reconhecer as características dos alunos e buscar a participação de todos, tendo que, para isso, rever as suas práticas e seu plano educativo. Isso, pois, diferentemente do que ocorre hoje nas escolas públicas que, ao adotarem um aluno especial adotam práticas educativas voltadas somente a ele o diferenciando do restante dos alunos, a proposta da educação inclusiva, prevê práticas que dêem conta das características de cada um, segundo suas capacidades pessoais.

Contudo, no próprio documento, não fica clara a forma pela qual ocorrerá a dinâmica em sala de aula, meio em que ocorreria a prática educativa por parte dos professores. É esse o meu principal receio, pois ao não saberem lidar com àquilo que esse novo ambiente pode oferecer, há grande tendência, por parte dos professores, de recorrerem a práticas educativas já adotadas anteriormente em suas salas de aula, práticas essas pautadas pelos ideais do ensino normal. Isso quer dizer que estas, ao tratarem da questão das diferenças, recaem sobre a prática da tolerância, ou seja, da relativização das diferenças, fazendo-nos tornar indiferente tudo que nos é estranho o que nos levaria a modelar nossos alunos à uma identidade única, caindo no exercício da reprodução.

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