domingo, 28 de agosto de 2011


"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado."

Rubem Alves

** Acreditar em uma verdade “ÚNICA” é negar a essência do ser humano é retirar do homem a sua capacidade de criar de vivenciar o mundo com seus próprios olhos. O professor que se arma de uma única verdade em sala de aula “tranca a porta da gaiola”.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Lendo o mundo

Quando li o texto "Sobre a lição", fiquei pensando em tudo o que amo e quero partilhar com meus alunos, para que leiam, experimentem, se deliciem...
Voltei à concepção de leitura de Paulo Freire; ler um texto, um livro, uma foto, uma paisagem, um vento no rosto...
É triste pensar no quanto o espaço da sala de aula, enquanto único espaço educativo, nos limita a leitura, seu quadrado branco, seu quadro negro, de tudo o que é belo e delicioso nesse mundo...O mundo lá fora, o sol, a terra, as pessoas, não são coisas lindas para se ler também? Nesse confinamento constante, físico e cerebral, confinamento de se bitolar só no cognitivo, e esquecermos tudo o mais que precisa ser lido, as relações entre nós, o toque, o abraço...Existe muito mais a se ler que deveria ser lição do que livros e contas...

Aquele que ama o mundo dará para ler muito mais do que a (deliciosa, sim, mas não única) viagem da palavra escrita. E aquele que ama aos seus alunos, também pedirá aos alunos que lhe passem suas lições, suas leituras, seu mundo, no sentido mais rico de educador-educando e educando-educador...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Well, well, well, Gabriel...

Oi amigas e amigos. Depois da nossa aula de hoje, onde discutimos a "construção das nossas verdades" um comentário da professora Maria Teresa me chamou a atenção e me fez lembrar desta música escrita pela Paula Toller que se chama "Oito Anos". Em nossa conversa, a professora mencionou que "a criança pergunta para satisfazer a sua curiosidade; Ela é uma verdadeira cientista". Então lembrei-me dessa música, e tomei a liberdade de postar aqui em nosso blog. Acho que a música traduz muito bem essa curiosidade infantil, essa vontade de saber coisas diversas e pequenas que nos interessa naquele momento. Espero que gostem ;)

Por que você é flamengo
E meu pai botafogo?
O que significa
"impávido colosso"?

Por que os ossos doem
Enquanto a gente dorme?
Por que os dentes caem?
Por onde os filhos saem?

Por que os dedos murcham
Quando estou no banho?
Por que as ruas enchem
Quando está chovendo?

Quanto é mil trilhões
Vezes infinito?
Quem é Jesus Cristo?
Onde estão meus primos?

Well, well, well
Gabriel...
Well, Well, Well, Well...

Por que o fogo queima?
Por que a lua é branca?
Por que a terra roda?
Por que deitar agora?

Por que as cobras matam?
Por que o vidro embaça?
Por que você se pinta?
Por que o tempo passa?

Por que que a gente espirra?
Por que as unhas crescem?
Por que o sangue corre?
Por que que a gente morre?

Do que é feita a nuvem?
Do que é feita a neve?
Como é que se escreve
Re...vèi...llon

Well, Well, Well
Gabriel...(4x)

Realidade e a Verdade

Significado de Realidade

s.f. Existência efetiva: a realidade do mundo exterior.
Coisa real: nossas esperanças tornaram-se realidade.

Significado de Verdade

s.f. Identidade de uma representação com a realidade representada; exatidão, autenticidade: verdade histórica.
O que é certo, verdadeiro: quer saber a verdade.
Princípio certo, constante; axioma: verdade matemática.
Boa-fé; sinceridade: falar com verdade.


Partindo do significado dessas duas palavras, e tomando como verdade, o fato de que a verdade pode sim ser diferente da realidade, já que para nós, verdade são as crenças, os princípios, a representação da realidade de acordo com um ponto de vista, e que a realidade é o que de fato aconteceu, sem influência de pontos de vista e que não pode ser mudado, apartir da leitura do texto pudemos pensar que, na sociedade da informação e da comunicação generalizada já não há apenas uma verdade, ou uma realidade. E isso, apesar de ser bom, pois as pessoas podem se libertar da verdade do poder, também é ruim, pois se abrem inúmeros caminhos para a falsificação e manipulação, fazendo com que as pessoas comecem a descrer de tudo, perdendo seu solo.

No entanto apesar de nessa sociedade a mídia ter um forte papel manipulador e em alguns casos até mesmo de calar a voz dos educadores, pois vem assumindo um papel fortemente educativo, nos deparamos com a declaração do autor, de que é também através da escola que realidades e interpretações dominantes são repassados e é juntamente com os meios de comunicação de massa, lugares de produção, de reprodução, de crítica e dissolução que se forma uma verdade. Portanto, educadores, são servidores ( como o filósofo ) de Agamenon, pois reconhecem sua verdade como a verdade e sua realidade como a realidade, mas ás vezes tomam para si pensamentos como os do porqueiro que em hora ou outra duvida e suspeita que não seja verdadeira a verdade de Agamenon e nem real sua realidade.

Mais do que seres acomodados, assim como os servidores de Agamenon, os educadores devem ser seguidores do porqueiro, pois só assim haverá indagação, problematização, questionamento da verdade dominante, do poder da verdade, que por fim gerará um aprender e uma verdadeira busca pela verdade formará para a independência e criticidade.

Grupo:

Aline Rocatto

Daniela Damasceno

Ellen Ceccon

Joyce de Pontes

Luisa Corat

Thais Palhares

O que eu sei é a "Verdade"?


"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância"
 
(Sócrates)

A Relatividade da Verdade e da Educação

A questão mais importante promovida pelo texto de Larrosa com certeza é a questão da relatividade da verdade.

Ao entrarmos em uma época onde há uma multiplicidade de verdades, como apontado no texto, nos deparamos com a relação entre objeto e significado, entendendo aqui objeto como algo que é, e o significado, o uso ou o entendimento que damos a ele.

O grupo fez um forte comparativo da questão da relatividade quando trouxe a discussão para a educação e comparou a verdade teoricamente absoluta ao professor/Estado e o não questionamento da verdade ao aluno/sociedade.

Quando fizemos essa comparação, tentando entender os mecanismos de funcionamento do exemplo citado acima, logo nos lembramos da figura inquestionável do professor e das nossas situações – até cômicas – em sala de aula, onde erramos drasticamente em algum conceito passado para os alunos, e eles tiveram vergonha de nos questionar. É claro que, não tínhamos pessoalmente o desejo que eles fizessem isso, porém eles já trazem aquela construção de que o professor é inquestionável e por mais absurdo que possa parecer o que ele passa, ele está certo.

A problemática se instala quando reconhecemos em exemplos que vemos no dia a dia da escola e até da universidade, professores que realizam o exercício sádico de manter esse tipo de autoridade existindo. E não é um trabalho difícil. A comunicação de massa, que tem aspectos positivos, pode contribuir para a continuidade desse tipo de paradigma em seu lado negativo. Os discursos autoritários presentes na educação em certos casos dizem aos alunos que não se deve questionar e ao professor que ele não deve se questionar. E que educação é essa onde o aluno não faz perguntas e o professor não melhora sua prática através da escuta de opiniões e auto-crítica?

Por:
Anna Cláudia Sales Varani
Josiane Viana Nonato
Renata Carolina Casagrande

quarta-feira, 24 de agosto de 2011


"A verdade pode ser como o reflexo de um prisma, dependendo do ângulo enxergamos uma cor"

Síntese das ideias do grupo sobre Agamenon e seu porqueiro

Um dos aspectos principais do texto “Agamenon e seu porqueiro” de Jorge Larrosa é o caráter múltiplo da verdade e da realidade. Carr, em seu livro “Que é a História?”, descreve a história como uma montanha, e os historiadores como observadores. Dependendo do ponto de vista do observador, amontanha tem uma forma, uma cor, enfim, características diferentes. Mas ninguém pode olhar a montanha e descrever um elefante. Todo observador descreve a montanha da maneira que ele a vê. Essa comparação pode ser feita também em relação à realidade e a verdade, pois estas podem ser vistas sob diversos pontos de vista, de acordo com o contexto histórico-social e tudo mais que possa influenciar a maneira do indivíduo encarar o mundo em que ele está inserido. Porém é preciso ter cuidado ao perceber a realidade/verdade como multifacetadas e as fragmentarmos a tal ponto de pensarmos ser possuidores de um desses fragmentos, e que somente este fragmento que nos pertence está sob nossa responsabilidade.

É aí então que precisamos pensar o papel da escola e da educação. O professor, que muitas vezes é encarado como detentor da verdade, como se este tivesse poder sobre o conhecimento, tem papel fundamental de desconstruir estas ideias. Ele não deve pedir aos seus alunos uma sujeição cega a seus preceitos, seu papel não é transmitir um pacote de verdades absolutas e inquestionáveis. Por outro lado, a educação, mediada pelo professor, deve fornecer aos alunos as ferramentas necessárias para que estes possam desenvolver sua criticidade, para perceber os limites da realidade e assim distinguir o que é somente uma das faces da verdade e o que é uma “manipulação” disfarçada de verdade. A escola deve incentivar os alunos a buscar por conhecimentos que os auxiliem na construção da base necessária para que eles possam questionar e compreender por si próprios a realidade em que vivem, e mais, para que possam enxergar alternativas de modificar essa realidade – não a realidade individual, mas aquela realidade mais ampla em que eles estão inseridos.

Camille Lanza de Paula.

Janice Sança

Hugo Santos

Nathália Pattenon

"Entre o infinito do ideal e o concreto do real há um abismo." (G. W. F. Hegel)



Essa obsessão por realidade, por verdade, por certeza, dura, dolorosa, ruim. Para onde vamos com essa ideia? Vamos permanecer na “dureza” da vida, e nunca enxergá-la em seu possível esplendor? Se não nos for possível ver a vida de outro jeito, nunca deixaremos de ser porqueiros e "Agamenons", libertando-nos? Será que nós propagaremos, como eco dos jornais e da comunicação hoje, a voz do ceticismo na vida, na beleza, no prazer?




Ana Carolina Florindo
Regiane Trainotti
Vivian Esteves
Isadora Franco
Yuri Levy

A Mídia

“De onde vem a realidade? (P.157)

“Aquele que controla o campo de batalha, controla a história.(Hideo Kojima)
Desta forma, em nossa discussão concluímos que aquele que controla o campo de batalha em nossa sociedade trata-se da MÍDIA. Logo a musica do Teatro Mágico ilustra exatamente esta relação.

"[...] Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.

Acesso é poder e o poder é a informação.
Qualquer palavra satisfaz. [...]" (O Teatro Mágico - Xanel Nº5)



Bruna Pastro Gomes RA: 104662
Carolina D' Anna Acayaba RA: 104729
Giovana Rocha Murilo RA: 102440
Janaina Canizelli Gonçalez RA: 105108
Larissa Gabriela Piccolo RA: 105221
Vivemos em um mundo de muitas verdades e algumas mentiras, ao fazermos uma busca rápida no google com a palavra verdade encontramos, aproximadamente, cento e treze milhões de resultados, fazendo a busca com a palavra mentira encontramos aproximadamente cinquenta e quatro milhões de resultados. Parece que no geral estamos muito mais preocupados com a verdade do que com a mentira, mas não serão as nossas verdades atuais mentiras no futuro?

Vemos tudo passar muito rápido, o que hoje É amanha não É mais. Diante dessa situação o que deve o educador falar com seus alunos? Verdades passadas, verdades presentes ou verdades futuras? Aqui a vontade é responder que o educador deve falar de verdades futuras, agindo como um visionário e fazendo seus alunos enchergarem além do passado e do presente, entretanto depois da leitura do texto de Larrosa percebemos que é possível ir além disso, levantando hipoteses do sujeito que fala da realidade como se fosse a própria verdade.

Na medida que a disponibilidade das informações e do conhecimento invade a escola, o aprendizado necessariamente precisa prever uma educação crítica de que negar ou apropriar-se desses conteúdos, deve cuidadosamente passar pela reflexão e dúvidas porque o perigo pode se esconder em criar uma "realidade falsa" para repudiar uma "falsa realidade"


Pâmela Roberta Ramelo 108354
Poliana Murer Cavalcante Doi 103808
Cristiane Galdino 101901
Rafaela Aline de Freitas 103878

Educar para a verdade




Há quem diga que é missão do professor transmitir conhecimento e designa a essa missão um aspecto quase divino. "TRANSMITIR: fazer passar de um lugar a outro". É aí que erramos. O professor não deve ser aquele que reproduz aquilo que é fácil de se encontrar, não deve assumir a postura de alguém que está diante de crianças cheias de vida e interesse pelo novo, como defensor de idéias de outrem. Devendo então não se deixar envolver pela realidade criada à partir das interpretações dominantes, mas sim pela vontade de desenvolver seu ofício diante dos imprevistos da profissão nos dias de hoje.


Nunca como atualmente a tentativa de ocultar a realidade das coisas é tão notável, portanto mais do que educar para os valores ou educar para as virtudes é mais vantajoso falar em educar para a verdade.






Emanoelle Bonácio de Almeida RA: 104848


Isadora Stefanini Cruz RA: 102685


Mayara Helena Campos Zorzi RA: 106176


Sabrina Fávero de Freitas RA: 104043

Verdade ou Desafio?


Sobre o texto: AGAMENON E SEU PORQUEIRO

IN: LARROSA. J. Pedagogia Profana:danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

A existência de uma única realidade e uma única verdade válidas para todos, colocada em questão no texto, nos leva a pensar sobre a construção da verdade por aqueles que detêm o poder e na transmissão dessa verdade por diferentes vias, inclusive dentro da escola.

A organização da educação hoje está em conformidade com a idéia da única verdade, em que muitos professores servem como meio de transmissão daquilo que as autoridades desejam, assumindo uma postura de autoridade, detentor de todo conhecimento, tendo certo receio dos possíveis questionamentos dos alunos, pois em sua formação também foi passado para ele uma única verdade.

Esta postura normalmente assumida pelos professores dentro da sala de aula empobrece o processo de ensino e aprendizagem, na medida em que a realidade e a verdade dos alunos são desconsideradas, criando um distanciamento entre professor e aluno e entre aluno e conhecimento.

A proposta do texto de desconstruir essa realidade e verdade únicas incentiva o professor para uma postura desafiadora, mais humanizada, que promova uma relação de ensino e aprendizagem mútua, na qual professor sai do seu papel de autoridade e o aluno sai de seu papel de propriedade, os sujeitos são formados mais críticos e construtores de opiniões.

Priscila Santos da Cruz RA: 105553

Jéssica Andressa de Souza Xavier RA: 105114

Camila Fernandes Trombela RA: 106601

Livia Maria Ninci Martins RA: 103089

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O APÓLOGO SOBRE A VERDADE


[M.C. Escher - Auto-Retrato]


O que é a verdade? O que é a realidade? Como alcançá-las, se muito do que aprendemos e ensinamos está impregnado com interpretações parciais e tendenciosas dessa realidade? A mídia nos inunda com suas verdades particulares e tem como foco inculcar-nos falseamentos disfarçados com o manto da realidade. Simultaneamente, as mentiras educativas também tentam sujar nosso caminho em busca dessa verdade, como se a realidade fosse um objeto de disputa, um objeto que se torna real à medida que vai ganhando seus seguidores.
A realidade é como uma caça diária na qual, conscientemente ou não, sempre haverá aqueles que lutam por encontrar presas frágeis. Desta maneira, em um mundo diverso como esse - repleto de presas e predadores - é por meio da retórica que a parcela predadora da mídia, bem como dos educadores, almejam por capturar suas presas, inculcando-lhes verdades, impedindo-lhes de encontrá-las por si mesmas. No entanto, há, também, predadores do bem, dispostos a provocar uma caça sadia, na qual cada um tem a possibilidade de encontrar as perguntas que se adequem às realidades de suas verdades.
Só é possível sair ileso dessa disputa se conseguirmos nos desvencilhar das amarras da verdade do poder. Esse é (ou ao menos deveria ser) um dos princípios da educação; abrir nossos olhos e nossas mentes para a gama de realidades à nossa disposição, e nos instruir para que possamos distingui-las. Assim, somos capazes de nos enxergar e ver o mundo que está ao nosso redor, como Escher faz em seu auto-retrato.



Amanda Nicolaidis RA: 105831
Claudia Regina Campanaro RA: 104759
Franciele Fernanda Amaral RA: 102336
Heloísa Helena Wolf Antonioli RA: 102579
Renata Bernardo RA: 103945