segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Reflexões "Sobre a Lição"


A respeito das palavras dos livros que ganham vida, gostaria de recomendar a todos o filme "Coração de Tinta" que ilustra literalmente esta figura de linguagem.

Reflexões:

LARROSA, Jorge. Sobre a lição – ou do ensinar e do aprender na amizade e na liberdade. In Larrosa, Jorge. Pedagogia Profana – danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

A educação é intermitente e não depende de espaço, mobiliário ou material didático para acontecer. Há uma relação íntima entre o ensino e a leitura. O amor e dedicação do professor permeiam esses dois elementos para a aprendizagem. O professor usa diversas técnicas para ensinar, mas ao recomendar um texto ele deposita ali tudo o que ama e julga como o melhor aos seus alunos. Quando ele lê e explica o texto, as palavras ganham vida.

Nas aulas, o professor escolhe estar ali por se sentir vivo, e da mesma maneira que a leitura ganha vida em sua voz, ao ministrar a aula com vivacidade, a aprendizagem toma outras proporções que transcendem a formalidade e restrições do espaço escolar. O professor entusiasta leva a máxima harmonia, coletividade e técnicas de ensino a sua aula, essas técnicas não são metódicas ou calcadas num método único, mas fazem parte da subjetividade do professor, e fazem dele e de sua aula especiais. Essa metodologia própria de cada professor está sempre em movimento de acordo com a necessidade da sala e o momento do processo de ensino.

Ao abrir um livro o professor convoca os alunos a um novo mundo, uma nova experiência, e é papel dele escolher que experiências serão essas. Aqui é pertinente citar que o professor é um dos atores principais da educação, e é ele quem norteará a aprendizagem do aluno, poderá conduzi-lo no sentido contrário, promovendo o lado humano, e não apenas o cognitivo. A leitura vem para responder perguntas levantadas em sala, por isso a importância de escolher bem o material que utilizará, pois o principal é através da leitura, promover reflexões e indagações, para que os alunos possam chegar a um resultado final satisfatório a suas vivências, apenas com as sugestões do professor, e não a sua nota direta.

O infinito distante é aproximado pela leitura proposta pelo professor, onde a coletividade também é trabalhada. O aluno se apropria do que leu, e em grupo compartilha experiências e reflexões sobre o texto, resultando em interferências mutuas nas conclusões do grupo. A interatividade proposta pelo livro agrega as pessoas. E este tipo de movimento proporciona uma gama de conhecimento muito maior do que numa lição individual e direta.

4 comentários:

  1. É interessante mesmo entender a importância da escolha do professor. Quem nunca, durante os anos na escola, não se viu sofrendo por ter que ler um livro desinteressante? A leitura, assim como a escrita,é ferramenta para o desenvolvimento da criança. Mas, ao mesmo tempo, deve ser tão difícil encontrar uma lição que se torne interessante para todos os alunos. Por isso, esse olhar, essa leitura do professor se faz tão importante.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Gostei bastante do texto e apesar da tentativa, do professor, de escolher as experiências, creio que para cada um dos alunos a sensação será diferente. Isso torna tudo bem divertido. Um compartilhamento de infinitos.

    Gostei muito da frase abaixo:
    "Essa metodologia própria de cada professor está sempre em movimento de acordo com a necessidade da sala e o momento do processo de ensino."

    E concordo com a dificuldade que foi citado pela Renata encontrar uma lição... essa leitura do professor da sala poderá ditar o sucesso ou o fracasso.

    Agradeço a recomendação do filme, irei ver. Parece-me ser bem interessante.

    ResponderExcluir
  4. "Coração de Tinta" é lindo demais e mostra, alegoricamente, um pouco da magia que tantos livros instigam em nós.
    Concordando com o que você destacou em suas reflexões, considero muito importante dar atenção à escolha do material e às indicações de leitura - elas nunca são inocentes e, de modo implícito ou não, demonstram o caminho que o professor deseja que seus alunos percorram. No mais, não podem ser escolhas egoístas que levem em consideração apenas as afinidades literárias do professor, mas sim a dinâmica da classe. E isso, de fato, promove uma interação muito mais saudável, permitindo a manifestação da amizade e da liberdade entre todos.
    Nem sempre é possível agradar a todos, no entanto, penso que preciso despertar um interesse motivacional nos alunos; Isso começa quando o professor fornece um sentido àquilo que é solicitado, e não apenas o "fazer por fazer".

    ResponderExcluir