quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sobre a lição: o trabalho com o ódio

"Por mais que estes(psicanalistas) amem seus pacientes, não podem evitar odiá-los e temê-los, e quanto melhor eles o souberem mais difícil será para o medo e o ódio tornarem-se os motivos determinantes do modo como eles tratam esse paciente" (WINNICOTT,1947,p.278)

Essa passagem foi retirada de um texto trabalhado na disciplina de Psicologia da Educação II, o qual trata da temática do ódio na contratansferência. Uma das formas de conceber o fenômeno da contratransferência, diz respeito aos sentimentos de ódio e amor suscitados por um comportamento ou traços da personalidade de um paciente em seu analista. Em uma situação como essa, para que se consiga dar andamento ao processo de análise, o analista deve explicitar o seu ódio em relação ao paciente, de modo que este sentimento não atrapalhe a sua relação com o mesmo.
Penso que, da mesma maneira que há no trabalho de análise não só uma preocupação em se explicitar, por parte do analista, sentimentos de amor e ódio em relação ao paciente, deve haver no trabalho do professor essa mesma preocupação. Isso quer dizer que, assim como foi discutido em nossa aula de Psicologia, os professores devem estar preparados para que, em sala de aula, consigam lidar com sentimentos de amor e ódio expressos por seus alunos, e mesmo os suscitados nele próprio por meio de comportamentos e traços da personalidade de seus alunos.
Para isso, contudo, nós professores não devemos nos ater a preocupação quanto a nossa aceitação em sala de aula, suscitada, como foi usado de exemplo no texto lido, pela escolha de atividades, como textos, que possam nos fazer sentir amado por nossos alunos. Devemos, sim, pensar em atividades que possam também sucitar outros sentimentos, e nem sempre positivos, como o ódio ou raiva, mas que devem ser trabalhados em sala de aula, muitas vezes até mais que aqueles que só suscitam o amor, alegria e felicidade, sentimentos que são muito mais fáceis de serem suscitados. Dessa forma, ao contrário do que muitos pensam, talvez consigamos por esse meio ser amados por nossos alunos.

Referência: WINNICOTT, D. W.. O Ódio na Contratransferência In. Da Pediatria à Psicanálise.

Hanna Cotrim Broncher

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