terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre a lição


Muitos sentimentos vieram à tona durante a leitura deste artigo. Talvez sentimentos adormecidos pela carga de informações às quais somos submetidos diariamente. Não as tenho como desnecessárias, contudo, em certos momentos, postergáveis. Afinal, assim como o poder de escrita, o poder de leitura é uma grande ferramenta em nosso mundo letrado. Ferramentas de luta e defesa. Porém, não nos damos conta da liberdade que podemos incitar por meio do ensinar a ler. Uma liberdade que transpõe as barreiras físicas e pode quebrar os limites de discernimento que constituímos ao longo da vida. Uma das partes que me fez refletir foi a seguinte passagem:

Da mesma forma que aquele que remete um presente ou uma carta, o professor sempre está um pouco preocupado para saber se seu pre-sente será aceito, se sua carta será bem recebida e merecerá alguma resposta. Uma vez que só se presenteia o que se ama, o professor gos-taria que seu amor fosse também amado por aqueles aos quais ele o remete. E uma vez que uma carta é como uma parte de nós mesmos que remetemos aos que amamos, esperando resposta, o professor gostaria que essa parte de si mesmo, que dá a ler, também despertasse o amor dos que a receberão e suscitasse suas respostas.”

Isso me fez lembrar de alguns momentos de minha infância que a professora realizava uma leitura compartilhada. Quando aconselhamos determinada literatura, percebi o quanto partilhamos dos nossos mais íntimos contentamentos. Ao presentear alguém com um livro, estamos doando parte de nós, parte de nossos anseios e desejos. As diferentes formas que permitimos que outras pessoas façam parte de nosso mundo, e que possamos fazer parte do mundo outro também. O prazer pela leitura nos permite trilhar caminhos próprios, explorar sentimentos inefáveis. Enfim, o contato com esse texto permitiu que eu repensasse a relação que constitui ao longo do tempo com a leitura e, como futuro educador, o quanto eu me doarei e permitirei que muitos façam parte do meu mundo, para assim, também fazer parte do mundo dos que passarão pela minha vida.

Hugo Marangoni Santos

Um comentário:

  1. Achei interessante essa abordagem que o Hugo faz, quando ressalta essa doação que acontece com a leitura. Cada um consegue demonstrar um pouquinho de si ao sugerir uma leitura e, como foi dito tão bem, é possível oferecer nosso mundinho para o outro, fazendo essa troca de sentimentos envolvidos em cada palavra do texto!

    Adorei ler seu post e ter explorado "sentimentos inefáveis"!

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