quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"A aula como acontecimento" [professor organicista/executor]


[imagem do filme Sociedade dos Poetas Mortos]

Ler o texto A aula como acontecimento provocou "coceiras" em mim.
É curioso saber que em uma mesma escola há tantos tipos de professores. A metáfora de Comênio, sobre o organicista "que executa qualquer sinfonia mesmo não sabendo compô-la(...)", a qual é refletida no texto sobre o "professor executor", mexeu bastante comigo. Esta metáfora, muito bem utilizada, é o "signo da desatualização, porque como o professor não está produzindo o saber que ensina, ele está sempre atrás do saber que está sendo produzido por outros".
Fiz uma viagem no tempo e pensei em quantas foram as horas que passei sentada digerindo "palavras repetidas". Isso é grave e não é coisa do passado. O material didático não é um livro inocente, o professor não o é. Então, porque razão os alunos devem sê-lo? Os caminhos fáceis são mais cômodos, mas geralmente são mais caros. O preço pago por essa corrente de comodismo e aparente "esperteza" é esse expresso ao longo do texto: "... ensinar não é mais um modo de constituir uma civilização, mas um modo de controlar e restringir sentidos".
Acho curioso pensar que desde pequenos somos treinados a falar, ver, ouvir, caminhar... e, no entanto, o Pensar e o Refletir são deixados de lado, são 'desimportantizados'. Essas não são "coisas da faculdade", não são "coisas de adultos". O desenvolvimento cognitivo, por si só, é como um carro que tem todos os equipamentos, mas não anda. É preciso abastecê-lo, REabastecê-lo.
Ser "professor executor" é aposentar o mundo das reflexões, das dúvidas, das perguntas.
Lendo o texto de João Wanderley Geraldi, dentre tantas reflexões, uma delas fez com que me lembrasse do filme Sociedade dos Poetas Mortos, no qual o professor John Keating (personagem de Robin Williams) tem uma 'metodologia' totalmente livre e desapegada aos métodos tradicionais e conservadores do colégio interno. O professor deste filme faz com que os alunos pensem por si mesmos, faz que despertem seus gigantes, renasçam, criem e recriem. Outrossim, acredito que esta é uma tarefa para aqueles dispostos a provocarem, principalmente, a si mesmos... E, como muito bem encaixado na proposta do autor, a citação de Saramago indica o caminho: tudo no mundo está dando respostas, o que demora é o tempo das perguntas.

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