quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aula como Acontecimento

Giraldi nos faz pensar nos subtipos de professores existentes. A alternativa de um “professor do futuro” instigou-me muito. Aliás, não creio que a figura abordada seja um sonho distante. Em verdade, somos nós que estamos atrasados. Ser professor hoje em dia não é tarefa fácil. É missão difícil. Já se esgotou o período de tempo em que nos permitíamos ficar estacionários em um mesmo nível de ação pedagógica, imitando modelos antigos que, pelos seus resultados, mostravam-se muitas vezes desvalidos. O tempo já os levou; pena é que o homem ainda teima em manter o atraso dentro de si. E se acomoda com isso. Acomoda aos preguiçosos e incomoda os idealistas (idealistas!? Não seriam, simplesmente, realistas?)

Não dá para ficar no normótico comodismo, no comum, no banal. Não em Educação. Quem quiser ser professor hoje em dia, pelo mínimo de respeito que se pode ter para com a humanidade, não deve permitir-se ficar estacionário, parado, imitando. Limitando. Limitado.

Enfim, ainda com as reflexões oriundas de O Mestre Ignorante, e detendo-me no fascínio da proposta de um professor que, como já foi mencionado abaixo, tem a capacidade de ensinar o aluno a “aprender a aprender”, recordei-me de um grande ícone da literatura mundial, O Profeta, do inesquecível escritor libanês Khalil Gibran.

Parece que esse ensinar a “aprender a aprender” não é, necessariamente, um vislumbre do porvir, mas talvez um resgate, no meu olhar, daquilo que muitos eméritos sábios da humanidade já vinham falando desde muito. Deixarei Gibran falar, através de sua reflexão poética e ao sabor de sua própria emotividade:

“Depois um professor disse, Fala-nos do Ensino.

E ele respondeu:

Ninguém vos poderá revelar nada que já não esteja meio adormecido na

aurora do vosso conhecimento.

O professor que caminha na sombra do templo, entre os seus discípulos, não

dá a sua sabedoria mas antes a sua fé e amor.

Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria,

mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.

O astrónomo pode falar-vos do seu entendimento do espaço, mas não vos

pode dar o seu entendimento.

O músico pode cantar-vos o ritmo do espaço, mas não vos pode dar o ouvido

que faz parar o ritmo, ou a voz que dele faz eco.

E aquele que é versado na ciência dos números, pode falar-vos de pesos e

medidas, mas não pode levar-vos até lá.

Pois a visão de um homem não empresta as suas asas a outro homem.

E, mesmo que cada um de vós esteja sozinho no conhecimento de Deus,

também cada um de vós deve estar sozinho no seu conhecimento de Deus e na

sua compreensão da Terra”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário