quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A necessidade de criticidade

Pensando um pouco sobre os tipos de professores que o autor João Wanderley Geraldi apresenta em seu texto, escolho para ilustrar aqui o "professor organista". Organista na medida em que é posto como um mero executor de tarefas mesmo não sabendo executá-las, "bastando somente seguir a partitura com maestria". O que está em jogo, portanto, é sua habilidade quanto a execução de um trabalho que lhe é dado, o dar aula, não importando a formação que possuí para tal, ou seja, o saber dar aula.

Refletindo sobre isso, busquei uma tirinha que ilustrasse tal metáfora. Nela, é ilustrada uma professora executando a tarefa de ensinar os alunos a escrever certas frases, tal qual o tipo de professor "organista". Isso porque, fica claro que ela somente está executando o que lhe foi solicitado, não havendo em nenhum momento, o ato de pensar sobre tal. Podemos perceber esse exercício pela maneira a qual utiliza para transmitir tais conhecimentos aos alunos, que ocorre de maneira automática, quase mecânica, o que pode ser visto pelas repetições das frases na lousa. Logo em seguida é mostrado o quanto esse ato incomoda a personagem Mafalda. Diferentemente dos demais estudantes, Mafalda não aceita essa ação, interditando a aula e pedindo à professora que lhes transmita um conhecimento que tenha um pouco mais de relação com sua realidade. Dessa forma, o que ocorre aqui é justamente uma afronta a esse tipo de professor descrito por Geraldi no texto.

Outro ponto importante a se observar, é que ao interceder a aula exigindo da professora um outro tipo de ensinamento, a personagem nega o seu papel de mero receptáculo de informações, o qual deve ser preenchido pelos ensinamentos escolares. Nesse exercício está, justamente, a postura de um aluno crítico, o qual pensa sobre o ato do professor e sobre o que esta postura está proporcionando à ele. Aqui, ao meu ver, é feita a crítica trazida pela tirinha. Acredito que Quino, busca nos alertar sobre a necessidade de questionar e duvidar da "verdade absoluta", tal como trabalhamos nos demais textos. Fica aqui, a exemplo da personagem, um chamado por coragem que devemos ter para questionar e buscar uma construção dos nossos conhecimentos e uma postura, por parte dos professores, mais propícia para nos ajudar quanto a esse exercício.

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