Nós brasileiros temos um interessante discurso sobre cultura. Nos orgulhamos em mostrar as diversas origens das gerações que nos precederam. "Sou descendente de portugueses e índios por parte de pai e de negros e poloneses por parte de mãe".
Exageros a parte, é pertinente questionar o que esse orgulho e essa diversidade de origensrealmente significa em nossas vidas cotidianas? E nos projetos pedagógicos? E nas políticas públicas?
(Ceci n'est pas multiculturalisme. Ou é?)
Numa busca rápida pela internet com a palavra "multiculturalismo", é fácil encontrar imagens com mão de diversas cores unidas, de crianças negras, brancas e asiáticas se abraçando e assim por diante. Isso é multiculturalismo?
Fotos de festas folclóricas também são constantes. Será esta a maneira de tratar o multiculturalismo nas escolas? Elevando diferentes culturas a manifestações "exóticas"?
O texto de Duschatzky e Skliar é de extrema relevância para a discussão do multiculturalismo, da alteridade e da tolerância, levantando questões pertinentes, que nos fazem refletir sobre nossas próprias práticas - pessoais e profissionais - acerca destes temas.
"Felizmente, é impossível educar se acreditamos que isto implica formatar por completo a alteridade, ou regular sem resistência alguma, o pensamento, a língua e a sensibilidade. Porém parece atraente, pelo menos não para poucos, imaginar o ato de educar como uma colocação, à disposição do outro, de tudo aquilo que o possibilite ser distinto do que é, em algum aspecto. Uma educação que aposte transitar por um itinerário plural e criativo, sem regras rígidas que definam os horizontes de possibilidade." (Duschatzky, Skliar. p. 136)
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