quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Relação do documentário "Noivas do cordeiro" com o texto "Educação como sujeição e recusa"

A história da comunidade das Noivas do Cordeiro é fortemente marcada por preconceitos e tradições mantidas por várias gerações até os dias de hoje. Essa comunidade foi criada após a excomungação de Maria Senhorinha de Lima, até então moradora da região de Belo Vale, por parte da Igreja Católica e os demais moradores da região, ao não aceitarem sua separação de Arthur Pierre e sucessiva união com Chico Fernandes. O nome da comunidade, Noivas do Cordeiro, está relacionado a união por parte de um padre evangélico Anísio Pereira com então uma das moradoras da comunidade (filha de Maria Senhorinha) e, também, ao título dado por ele à Igreja fundada na vila.

Hoje, está comunidade, localizada na área rural de Belo Vale a cerca de cem quilômetros de Belo Horizonte, abriga cerca de duzentas e cinqüenta mulheres e suas famílias em uma área de dezesseis hectares, na qual há a produção sustentável de alguns alimentos em um campo comum a todas as famílias, além de haver a criação de alguns animais. Esse trabalho é praticamente exercido pelas mulheres, na medida em que, pelo fato da comunidade não conseguir dar conta de toda a produção necessária para o seu sustento, há a necessidade dos homens, na idade adulta, saírem para trabalhar, o que os faz ficar fora da comunidade durante a semana e só voltar aos finais de semana.

Fazendo uma reflexão acerca da relação do modo de constituição e funcionamento desta comunidade com o conteúdo trabalhado no texto: Educação como Sujeição e como Recusa, acredito que se evidência o exercício de recusa feito por parte das Noivas do Cordeiro a condição que lhes foi imposta. Tal como descrito pelos autores Roger Deacon e Ben Parker, este exercício está relacionado a ação dos alunos ao se verem alvos das relações de dominação exercidas pelo professor no desempenho da sua função como docente, relação essa, necessária para que haja a construção de conhecimento por parte do aluno. Fazendo uma relação com o modo de funcionamento e constituição das Noivas do Cordeiro, pode-se dizer que, há sim certo grau de sujeição por parte delas a comunidade ao redor, pelo fato, não somente, da tradição de preconceito e descaso para com elas já imposta ao longo dos anos; mas também, quanto a necessidade dos homens da vila precisarem trabalhar para sustentá-la, o que os sujeita as relações de trabalho presentes no sistema capitalista. Apesar disso, há a evidência de superação dessas relações presentes na sociedade em que estamos inseridos dentro da comunidade, na medida em que são as próprias moradoras da comunidade que estabelecem as regras de convivência do local, não se deixando permear pelas condições estabelecidas pela comunidade ao redor (tal como a condição de exclusão), estabelecidas por meio de relações autoritárias e, sobretudo, não igualitárias.

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