quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Identidade e poder

Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

Utilizando-me dos textos de Tomaz Tadeu da Silva, parei para pensar um pouco no que ele comenta sobre a identidade, a diferença e o poder.

A identidade e a diferença são produzidas por nós; são criações de nosso mundo cultural e social. Estabelecendo-se como relações sociais, elas estão, portanto, marcadas pelas relações de poder. Suas definições então são impostas. E assim, em relação a suas definições, há uma disputa por estas pelos grupos sociais. Disputa esta que está ligada ao almejo desses grupos ao acesso a bens sociais.

A definição do que vem a ser identidade e diferença não se separa então das relações de poder.

Daí eu começo a me indagar do que vem a ser realmente a identidade. O que acreditamos ser nossa identidade é algo que, na verdade, por trás traz considerações anteriormente impostas. Então não somos quem pensamos ser? Precisamos ser um outro para daí sermos nós mesmos?

Por trás da palavra identidade há mais história do que imaginamos. Dizer simplesmente que o professor deve considerar as diversas identidades de seus alunos em sala me parece algo um tanto quanto vago. Há que se pensar no que realmente é aquela identidade; na história que levou à mesma.

Pensando na constituição da identidade, será possível enxergamos dentro dela aquilo que é somente fruto de nossas próprias características, que não foi algo que de forma inconsciente incorporamos por aqueles que as impuseram?

Até que ponto as nossas identidades são nós mesmos?

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