segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O discurso das diferenças


Seguindo a mesma linha de reflexão que fiz na postagem sobre os textos de Tomás Tadeu, o que me chama a atenção é a questão do discurso sobre as diferenças sendo mais prejudicial do que as discordâncias em si advindas dessas diferenças. Porém, retomando Larrossa, nesse momento da modernidade em que não há somente uma verdade, como alinhar discursos extremamente opostos? Seria uma utopia? Duschatzky e Skliar ressaltam tipos de discursos correntes sobre alteridades e/ou diferenças. Um é o que trata do “outro” como a fonte do mal. Uma de suas conseqüências é a segregação como algo não mais físico e sim moral. O outro é entendido como alguém que deve estar fora, mas a separação agora não acontece como no Apartheid por exemplo, explicita e com limites físicos, e sim implícita, que mostra por meio de sugestões sutis (principalmente por meio da mídia) ao indivíduo o que vestir, onde estudar, em que trabalhar, etc. Outro tipo de discurso é o entendimento do outro como sujeito de uma marca cultural plena, onde teoricamente se haveria uma homogeneidade cultural, num esforço de proibir formas híbridas de identidade, como o exemplo do caso que é dado no texto de que todos os negros vivem igualmente a mesma negritude, o que é uma inverdade. Acredito que o perigo está realmente no discurso, pois ele se traveste de politicamente correto, porém tem objetivos muito claros de segregação e separação acoplados em si. Quando digo que meu cabelo é crespo e alguém retruca que é enroladinho, cacheadinho, aneladinho, mas tudo menos crespo, não estou sendo vítima de um discurso que quer rotular algo que é meu e que eu chamo da maneira que me convém? A significação que damos às coisas (se desprovida de má intenção ou incômodo) está muito longe de se encaixar na classificação do que se entende por politicamente correto.



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