“Recusar o que somos e libertarmo-nos dos mecânismos hegemônicos da sujeição exige atenção cuidadosa a nossas atuais posições-de-sujeito e às formas pelas quais cuidamos ou governamos nossos eus... Implicaria em envolver-se em práticas de liberdade, jogos de verdade ou jogos-de-poder que estejam dirigidos discursivamente a nos re-constituir a nós mesmos, se não a outros , em padrões particulares histórica ou culturalmente propostos ou impostos.” (Foucault, 1987, p.122)
Quando Maria Senhorinha abandonou seu marido para viver com Chico Fernandes em 1890, desafiou o modelo de sociedade da época, resultando na excomungação pela Igreja Católica até sua quarta geração. No meu ponto de vista, não concordo com a atitude de Maria Senhorinha de ter abandonado seu marido, pois encaro o casamento como instituição sagrada, mas nada justifica o que a Igreja fez contra ela e sua familia que não tinha culpa nenhuma do que havia acontecido, e o pior de tudo, taxá-las como prostitutas. É direito de cada ser humano decidir como leva sua vida, e era direito dela ficar ou não com o marido.
O preconceito perdurou pelas gerações seguintes, “obrigando-as” a viver isoladamente dentro de sua comunidade, oprimidas pelo esteriótipo que carregavam, até mesmo na escola, as crianças enfrentavam discriminação. Mas as 250 mulheres que vivem na comunidade “Noiva do Cordeiro” com sua familias não deixaram que isso as impedisse de lutar pela sua sobrevivência, criaram então um mundo de regras próprias onde todas vivem de forma comunitária. Cada uma tem uma função: Costurar, cozinhar e lavrar a terra. Os homens quando chegam na idadeadulta saem para trabalhar em Belo Horizonte durante a semana e só voltam nos finais de semana, e são essas mulheres que gerenciam e cuidam da comunidade na ausência deles.
É admirável ver como essas mulheres não se sujeitaram ao modelo de sociedade autoritária e desigual, provando que é possivel “promover novas formas de subjetividade” (Foucault, 1982, p.216).
Nenhum comentário:
Postar um comentário