É importante realçar que o eu existe nesse aspecto como ser secundário, como uma inversão da nossa própria imagem. O outro nada mais é do que aquilo que não somos e é sempre visto a partir da nossa visão. Precisamos do outro para justificar as nossas crenças, leis, valores. Por exemplo, precisamos do selvagem para assumir a civilização. Dessa forma, portanto, o outro é o responsável pelos males e pelas falhas sociais. Outras vezes sente-se a necessidade de encaixar o sujeito numa cultura especifica conferindo assim uma falsa identidade desconsiderando a construção que os sujeitos fazem de si mesmo ao longo da sua vida e esquecendo o caráter dinâmico que as culturas possuem.
Quando define-se na tolerância como “respeito e consideração às opiniões dos demais, mesmo que repugnem às nossas” corremos o risco de cairmos no relativismo e naturaliza-la , de sermos indiferentes perante o que nos é estranhos e de uma comodidade excessiva frente ao familiar.
Fica o desafio de refletirmos sobre as imagens que estamos construindo do outro que muitas vezes o aniquila e não permite que ele se mostre verdadeiramente e de questionarmos as diferenças e não simplesmente tolera-las, pois elas não pedem aceitação, mas confronto para que possam continuar a se multiplicar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário