quarta-feira, 26 de outubro de 2011

o nome dos outros

O outro como fonte de todo mal, não se verifica necessariamente na sua eliminação física. Existem outras formas tão sutis e brutais de elimina-lo. Uma das formas dessa eliminação são as regulações que os indivíduos estão sujeitos que limitam o expressar das diferenças e que estabelecem as fronteiras e as regas do jogo, cabendo ao sujeito acatar sem poder se manifestar. Há nesse caso uma regulação da alteridade, um controle que define como deverá ser ou outro, como ele deverá se comportar e como ele deverá pensar.

É importante realçar que o eu existe nesse aspecto como ser secundário, como uma inversão da nossa própria imagem. O outro nada mais é do que aquilo que não somos e é sempre visto a partir da nossa visão. Precisamos do outro para justificar as nossas crenças, leis, valores. Por exemplo, precisamos do selvagem para assumir a civilização. Dessa forma, portanto, o outro é o responsável pelos males e pelas falhas sociais. Outras vezes sente-se a necessidade de encaixar o sujeito numa cultura especifica conferindo assim uma falsa identidade desconsiderando a construção que os sujeitos fazem de si mesmo ao longo da sua vida e esquecendo o caráter dinâmico que as culturas possuem.

Quando define-se na tolerância como “respeito e consideração às opiniões dos demais, mesmo que repugnem às nossas” corremos o risco de cairmos no relativismo e naturaliza-la , de sermos indiferentes perante o que nos é estranhos e de uma comodidade excessiva frente ao familiar.

Fica o desafio de refletirmos sobre as imagens que estamos construindo do outro que muitas vezes o aniquila e não permite que ele se mostre verdadeiramente e de questionarmos as diferenças e não simplesmente tolera-las, pois elas não pedem aceitação, mas confronto para que possam continuar a se multiplicar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário