quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"O Nome dos Outros"


O cego chega na joalheria e tateia algumas peças.
O ouro brilha silencioso ante aqueles olhos que não podem fitar o seu esplendor.
O cego larga uma peça. Pega outra.
Despreza uma terceira e, convencido de que a quarta é mais atraente, tira uma fortuna de seu bolso e adquire a jóia.
Julga ele que o seu tato acabara de lhe desvendar uma raridade incomum, inigualável e superior a qualquer outro item.

Agora entra na loja um homem de olhos límpidos, visão perfeita, e, não tendo que se limitar apenas às formas para traduzir a beleza das jóias, inebria-se com o fascínio gerado por cada colar, anel, brinco, etc., pois cada vez que fita um adereço diferente é comovido pelo brilho cintilante da pepita de ouro, que serve de base para a confecção de cada artefato.

Podemos comparar a escola ao exemplo da joalheria.

Há professores cegos, que vivem tateando às escuras, encarando cada aluno na superficialidade de um momento ou de uma determinada situação, e há professores que buscam penetrar mais fundo na chispa que arde em cada educando, vendo o "ouro" da vida manifesto em todos eles, apesar de as jóias confeccionadas ostentarem contornos e silhuetas distintas.

Dessa forma, quando se for tratar de alteridade e almejarmos levantar o dedo para nos diferirmos de outrem, deveremos lembrar que o outro do outro sou eu, e sendo eu também um outro, posso encontrar no outro uma identidade de mim mesmo.

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